Criei este blog para nele defender algumas coisas nem sempre muito populares hoje em dia: tempo livre, um certo nível de simples e decente vagabundagem, o que no passado já se chamou de “ócio com dignidade” — otium cum dignitate… — e um certo nível de “desorganização” — vale dizer, de sistemas alternativos de organização.
Estou convencido de que:
a) como disse um amigo meu, a inteligência não prospera sem tempo livre para pensar livremente, isto é, para brincar e jogar com ideias, para ousar, para imaginar ou mesmo inventar coisas que, num outro ambiente, seriam censuradas ou proibidas, para criar, ainda que apenas no virtual, um mundo totalmente diferente…
b) como disse um jornalista conhecido, a criatividade não prospera em ambientes muito certinhos e organizados, em que não se admite uma coisinha que seja fora de lugar, em que os livros estão todos arranjadinhos na estante e não esparramados pela mesa ou até mesmo pelo chão…
Ninguém consegue ter tempo livre quando precisa seguir uma agenda cheia de compromissos, entregar produtos (ainda que relatórios ou artigos) dentro de prazos proibitivos e inegociáveis, listas de To Do’s intermináveis…
Ninguém consegue ser criativo num escritório que tem a cara de um Gabinete Presidencial, em que a mesa está sempre vazia e limpa, porque os puxa-sacos vêm constantemente tirar os problemas da frente de quem senta àquela mesa…
Andava preocupado com isso, por uma série de razões que não vêm todas ao caso — exceto uma: fiz setenta anos no dia 7 de Setembro de 2013. E ainda estou longe de me tornar tão vagabundo e bagunçado como é minha meta…
Em São Paulo, em 22 de Setembro de 2013
Revisto em São Paulo, em 4 de Novembro de 2015 (agora já fiz 72…)
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